Do outro lado da rua. Texto de André Cozta

















André Cozta

Há um oceano separando os dois lados da minha rua.

Da janela do meu quarto posso ver, à distância, porém, com o coração muito
próximo, o lugar onde nasci, cresci, formei minha personalidade.

Se, está tão distante assim, também percebo que a geografia do coração
nunca me afastou da “Terra Mãe”.

De um modo ou de outro, ela está sempre em mim, habita meu íntimo.

Todos os dias, quando acordo, olho pela janela e sorrio, peço a Deus um bom
dia, a mim, e a todos que lá estão, “do outro lado da rua”.

Apercebo-me que já estou aqui, desse lado, há mais de uma década. E, se
olho para o outro lado sorrindo, saudosamente, quando lá estou, olho para cá,
com o mesmo sentimento.

Por que aqui, de alguma forma, também é “minha terra”. Se não é minha “Terra
Mãe”, é a terra que escolhi para viver.

Ah, como eu gostaria que a distância física entre os dois lados dessa rua da
minha vida fosse de apenas alguns passos!

Mas sei que não devo reclamar, por que, meu coração carrega em si ambos os
lados. E para o coração não há distância que separe o que é unido pelo Amor.

Defino que minha vida teve dois momentos de crescimento: o primeiro, lá, onde
formei minha personalidade e construí toda a base para que, aqui, pudesse
continuar e concluir esta construção.

E com a base sólida, hoje posso, sem dúvida alguma, prosseguir levantando
casa por casa, prédio por prédio, nessa rua que conta a história da minha vida.

Estou aqui, mas, de vez em quando, dou um “pulinho” lá, só pra me
reabastecer de boas energias, rever lugares, pessoas, amores, amigos. Para
respirar aquele ar inigualável.

E volto para cá, com saudades, revejo pessoas, amigos, amores e lugares que
me são, também, muito importantes. Me reenergizo, sempre que retorno, com
o ar daqui, que é fundamental para a minha vida.

Se esta rua que forma a minha vida tivesse, entre seus dois lados, a distância
menor que desejei, eu não poderia, sempre que pretendo atravessá-la,
estender meu coração sobre o oceano e usá-lo como uma ponte que me liga e
me transporta entre minhas “duas terras”.

Pensando bem, o oceano entre os dois lados é providencial, pois, fosse menor
a distância, não caberia entre eles o amor que sinto pelos dois lados dessa rua.

Asociacion Amigos de Brasil en Baleares AABB

Author & Editor

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