
Número é diferente da estimativa do Ministério das Relações Exteriores (2,5 milhões de brasileiros no exterior), mas é um primeiro passo para aprimorar os dados existentes. IBGE reconhece que existem dificuldades para realizar uma estimativa mais acurada.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística se juntou aos esforços do Ministério das Relações Exteriores para estimar a comunidade brasileira no exterior. O Censo 2010 estimou que residam 491.243 brasileiros no exterior. O número difere daquele estimado por este Ministério, cerca de 2,5 milhões de brasileiros, mas a iniciativa deve ser vista como um primeiro passo para aperfeiçoar as metodologias de ambos os órgãos. Os dados do IBGE também trazem informações importantes sobre gênero, idade e estado de origem dos imigrantes, o que contribuirá para aperfeiçoar as políticas do Governo brasileiro em benefício desse grupo.
O IBGE reconheceu o desafio de estimar o número de brasileiros no exterior, à luz da significativa variação das cifras. Mencionou a discrepância entre as estimativas de brasileiros no exterior da OIM (1 a 3 milhões) e do MRE (2 a 3,7 milhões). Ao divulgar o resultado do Censo referente ao número de nossos conacionais no exterior em 2010, de 491.243 (residentes em 193 países), cifra muito inferior às estimativas acima citadas, os autores do relatório fazem a ressalva de que já se sabia previamente que o volume de emigrantes internacionais estaria subdimensionado. O relatório aponta algumas limitações que poderiam explicar esse subdimensionamento, entre as quais a possibilidade de todas as pessoas que residiam em determinado domicílio terem emigrado; eventual falecimento, ao longo dos anos, dos parentes daquelas que permaneceram em território brasileiro e a existência de pessoas que imigraram rumo ao exterior há muito tempo e que foram desconsideradas nas respostas. O Censo 2010 também não inclui os filhos de brasilerios nascidos no exterior, dados que os Consulados podem estimar melhor devido aos registros de nascimentos.
Este Ministério também reconhece que suas estimativas talvez não representem exatamente a realidade devido a diversos fatores, entre eles o fato de muitos brasileiros serem irregulares e terem receio de se expor. A última estimativa de brasileiros do MRE vem sendo revisada para incluir dados referentes ao retorno, considerando o bom momento que vive a economia do Brasil em contrate com países ricos, onde reside o maior percentual de brasileiros. Por esse motivo, acredita-se que o número de brasileiros no exterior tenha caído de 3 milhões em 2008 para cerca de 2,5 milhões atualmente.
Segue, abaixo, resumo dos resultados do Censo 2010:
a)Gênero: dos 491.243 mil brasileiros residentes em 193 países do mundo em 2010, 264.743 eram mulheres (53,8%) e 226.743 homens (46,1%).
b)Idade: 94,3% da emigração brasileira encontra-se (na data de partida do Brasil) na faixa etária de 15 a 59 anos, correspondendo a faixa de 20 a 34 anos corresponde a 60% do total. As mulheres representam a maioria em todas as faixas etárias. Com base nesses resultados, o IBGE infere que a principal motivação pelo deslocamento de brasileiros ao exterior foi a busca de emprego de forma individual, em grande medida sem o acompanhamento de outros membros da família, uma vez que a faixa etária de 0-14 anos e o grupo da população idosa representam apenas 4,4% e 1,4%, respectivamente, do total.
c)Destino: os principais países de destino foram Estados Unidos (23,8%), Portugal (13,4%), Espanha (9,4%), Japão (7,4%), Itália (7,0%) e Inglaterra (6,2%). Esse grupo de países representa 70% do total. De acordo com os pesquisadores, "laços históricos" e "redes sociais" explicariam a preferência por esses países mais distantes em detrimento de países fronteiriços. Cabe ressaltar que, somados, os primeiros 10 países europeus na lista (Portugal, Espanha, Itália, Inglaterra, França, Alemanha, Suíça, Irlanda, Bélgica, Holanda) representam 49% do total, mais do que o dobro da cifra referente aos EUA. Dos 193 países indicados como local de residência dos brasileiros no exterior, os primeiros 25 concentram 94% do total.
d)Origem:
- Região Sudeste - 49% do total (240 mil), sendo 21,6% provenientes de São Paulo (106 mil, primeiro lugar), 16,8% de Minas Gerais (82,7 mil, segundo) e 7,1% do Rio de Janeiro (34,9 mil, quinto);
- Região Sul - 17,2% do total - desses, 9,3% (46 mil) saíram do Paraná (terceiro estado na classificação geral);
- Região Nordeste - 15% do total, 1/3 do qual do estado
da Bahia (5,3%);
- Região Centro-Oeste - 12% do total, com destaque para o estado de Goiás (7,2%, com 35,5 mil emigrados, quarto lugar na classificação dos estados);
- Região Norte - 6,9% do total.
Somados, os primeiros seis estados nessa classificação (São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Rio de Janeiro e Bahia) representam 67,3% do total.
e)Países de destino e origem:
- EUA - principal destino da população oriunda de todos os estados, especialmente de Minas Gerais (43,2%), Rio de Janeiro (30,6%), Goiás (22,6%), São Paulo (20,1%) e Paraná (16,6%);
- Japão - segundo país que mais recebe emigrantes de São Paulo e Paraná, respectivamente 20,1% e 15,3%;
- Portugal - segunda opção da emigração originada no Rio de Janeiro (9,1%) e em Minas Gerais (20,9%);
- Espanha - os indivíduos que partiram de Goiás elegeram a Espanha como o segundo lugar preferencial de destino, o que representou 19,9% da emigração. Esse país aparece como segunda ou terceira opção de uma série de outras unidades da Federação, o que, segundo o IBGE, permitiria concluir que a proximidade do idioma estaria entre as motivações da escolha.
f)Países vizinhos:
- Guiana Francesa - o principal destino da emigração proveniente do Amapá;
- Venezuela - recebe a maior parte dos fluxos que partem de Roraima;
- Bolívia - atrai maior volume de emigrantes do Acre;
Nas fronteiras do centro-sul do País, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia figuram como quinta opção preferencial dos emigrantes. Ressalte-se que o resultado do Censo 2010 indica que haveria 4.926 brasileiros residentes no Paraguai, número muito inferior às estimativas do MRE e da rede consular. Recorde-se que, apenas nas jornadas de regularização migratória dos últimos dois anos, foram atendidos mais de 10 mil nacionais naquele país, o que comprova forte subestimação do número real. Outro dado relevante que demonstra a subestimação dos números do IBGE seria o caso do Japão. Segundo dados oficiais do Ministério da Justiça daquele país, havia, em setembro de 2011, 215.134 brasileiros residentes no arquipélago. As respostas dadas pelos entrevistados ao IBGE, no entanto, indicam que haveria apenas 36.202 nacionais no Japão em 2010, o que representa 1/6 do número real.
g)População dos estados e emigrantes: Goiás foi o estado de origem com a maior proporção de emigrantes (5,92 pessoas para cada mil habitantes), seguido por Rondônia (4,98 por mil habitantes), Espírito Santo (4,71 por mil habitantes) e Paraná (4,39 por mil habitantes). Sobrália, São Geraldo da Piedade e Fernandes Tourinho (cidades mineiras) foram as cidades brasileiras com maiores proporções de emigrantes (88,85 emigrantes por mil habitantes; 67,67 por mil; e 64,69 por mil, respectivamente).
A íntegra dos resultados do Censo 2010 está disponível no seguinte endereço eletrônico:
"http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/caracteristicas_da_populacao/resultados_do_universo.pdf". O texto referente a "Emigração Internacional" encontra-se nas páginas 55 a 61, com duas tabelas nas páginas 130 e 131.
As estimativas do MRE (2008, 2009, 2011) e do IBGE estão disponíveis no seguinte endereço: "http://www.brasileirosnomundo.itamaraty.gov.br/a-comunidade/estimativas-populacionais-das-comunidades".